Lloyd Cole – “Standards”: Juventude Madura
O rock’n’rol parece estar de volta à música de Lloyd Cole. Depois da incursão pela música folk e pelo som mais acústico, ou mais “quiet”, como ele próprio gosta de dizer, as guitarras elétricas, o baixo e a bateria dominam o seu mais recente trabalho, “Standards” (Tapete Records), editado esta semana, e que foi beber inspiração a “Tempest”, o 35º trabalho de Bob Dylan (setembro de 2012).
Uma viagem ao passado? Talvez. Ou muito simplesmente a noção de que, ao contrário do que Lloyd Cole pensava até agora, não existe uma música certa para uma idade específica. Depois de ouvir “Tempest”, percebeu que Bob Dylan fazia o que sentia, em vez de se deixar levar por aquilo que os outros gostariam de ouvir num homem da sua idade, 72 anos.
Lloyd Cole, agora com 52 anos, percebeu que já era tempo de lhe fazer o que lhe apetecia. E o que lhe apeteceu surgiu-nos na forma de “Standards”, um trabalho que o músico pretendia remeter para uma palete de sons de guitarras eléctricas, bateria e percussão bem fortes, com um piano e um sintetizador para contrabalançar. Um «novo» “Highway 61”, o álbum de 1965 de Bob Dylan, que é mais do que um conjunto de canções. Sem ser monocromático, mas também evitando a carga de cores sobrepostas, “Standards” tem um som único e equilibrado.
Todos os temas, com exceção da canção que abre o álbum, “California Earthquakes”, foram compostos e escritos por Lloyd Cole. Este tema estava na cabeça de Cole já há 15 anos, que só não sabia onde o iria encaixar. O músico acreditava que a canção teria saído da caneta de Mama and Papa e Papa John Philips, quando, na realidade, era da autoria de John Hartford, autor do sucesso “Gentle On My Mind”. Quando foi para Los Angeles, para gravar com Fred Maher (bateria) e Matthew Sweet (baixo), “California…” parecia encaixar na perfeição no conjunto das outras canções que estava a gravar. Além da bateria, é notório, neste tema, o som do piano de Joan (As Police Woman) Wasser, que também dá voz ao coro de algumas canções. O tom de quebra das fronteiras emocionais desta canção, efetivamente escrita a propósito do terramoto californiano de 1971, parece ser o guia para o resto do trabalho.
Depois chega-nos “Woman’s Studies”, uma canção que foi buscar alguma influência a entrevista dada por Miles Davies no The Tube TV Shows, de Jools Holland, na qual Davies queria apenas falar sobre a sua pintura, um conjunto de quadros com o retrato da sua mulher de costas, em vez de discutir música. Lloyd Cole quis evocar memórias do passado, num tempo que era mais novo, ocasionalmente estúpido, arrogante e desbocado. Uma canção simples, que podia resultar de um trabalho da faculdade ou dos pensamentos de um homem que se senta a observar as mulheres.
E continuamos no passado com “Period Pieces”, o single de lançamento, cujo vídeo apresenta-nos um homem mais velho (Lloyd Cole) a relembrar o tempo de juventude (aqui representada por William Cole, o filho mais velho que também toca guitarra em “Standards”). “I’m not afraid to die”, diz-nos a personagem desta canção, estendida no chão, esperando pela morte. Uma canção inspirada por uma imagem que Lloyd Cole gosta de relembrar: a queda do muro de Berlim.
E chegamos às duas primeiras baladas: “Myrtle and Rose” e “No Truck”. Na primeira, as guitarras suavizam-se e a bateria entra em mood “quiet”. Um homem que chora de saudades, mas que também está cansado de dar e de esperar. “No Truck”, uma das favoritas de Lloyd Cole, já era um tema frequente nos últimos concertos do músico, e a única canção pronta antes de começar a trabalhar em “Standards”. É aqui que aparece a única guitarra acústica deste álbum, que é dominado pelas guitarras eléctricas. E em boa hora, porque o diálogo entre as várias cordas é perfeito.
E continuamos na (aparente) bonança com “Blue Like Mars”, onde a bateria marca a cadência de sons de guitarras e do sintetizador tocado por Lloyd Cole. As vozes de apoio de Joan e do percussionista Michael Wyzik, que empresta aqui também o som do seu instrumento, acabam por ser o conforto necessário desta canção de raiva contida.
E voltamos ao rock com “Opposites Day”, onde a voz de Lloyd Cole se aventura um pouco mais e as guitarras fazem o resto. Neste álbum, além da voz e dos sintetizadores, Cole é também responsável por uma das mais vivas e tempestivas guitarradas.
Uma belíssima guitarra eléctrica abre “Silver Lake”, onde o senhor Lloyd Cole volta a acalmar e a conquistar-nos pelas palavras. “Put some make-up and dry your eyes/ We’ll go to the race track and drink some wine/ No, I don’t love the way I should/ But I can’t leave You like this”.
“It’s Late” é a canção que está mais perto dos trabalhos anteriores de Lloyd Cole. Uma melodia mais folk, com um som mais country guitar, que acompanha um homem solitário que passeia pelas ruas de uma cidade, já noite. Sabe onde estão os sarilhos, mas também podia atinar, se encontrasse a pessoa certa. O amor é a eterna inspiração…
E Lloyd Cole divaga pelos tempos modernos, numa comparação entre os miúdos de hoje e os tempos dele, em “Kids Today”, para passar para as guitarras de “Diminished Ex”, um tema onde é novamente notório o som do baixo, das guitarras e da bateria. Afinal, aquilo que Lloyd Cole pretendia: um som reconhecível.
Lloyd Cole disse já que este poderá ser o seu último trabalho, produzido e promovido nestes moldes. Sente-se com energia para fazer mais, mas tudo dependerá do sucesso de “Standards”. A crítica já considerou que este é o seu melhor álbum desde “Rattlesnakes” (1984), o primeiro LP de Lloyd Cole and the Commotions. A mesma energia, a mesma vitalidade, a mesma ousadia de quem tem 20 anos. É assim que Lloyd Cole se sente, mas, felizmente, com a experiência e a sensatez dos 50. E desta forma só temos a ganhar.
Alinhamento:
1-California Earthquakes
2-Women’s Studies
3-Period Pieces
4-Myrtle and Rose
5-No Truck
6-Blue Like Marts
7-Opposites Day
8-Silver Lake
9-It’s Late
10-Kids Today
11-Diminished ex
Classificação Palco: 8,5/10
Helena Ales Pereira
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Lloyd Cole – Standards -Youth Mature 8.5/10
The rock’n’rol seems to be back to the music of Lloyd Cole . After the raid by folk music and the more acoustic sound, or more “quiet”, as he likes to say, electric guitars, bass and drums dominate his latest work, “Standards” (Carpet Records), released this week, and that was the inspiration drinking “Tempest”, the 35th work Bob Dylan (September 2012).
A trip to the past? Maybe. Or simply the concept that, contrary to Lloyd Cole thought until now, there is no right track for a specific age. After hearing “Tempest”, realized that Bob Dylan did what he felt, rather than get carried away by what others want to hear a man of his age, 72 years.
Lloyd Cole , now 52, realized that it was time for him to do what he pleased. And you felt like it came to us in the form of “Standards”, a work that the musician wanted to refer to a palette of sounds of electric guitars, drums and percussion and strong, with a piano and a synthesizer to counterbalance. A “new” “Highway 61,” the 1965 album from Bob Dylan, who is more than a collection of songs. Without being monochromatic, but also preventing the load of color overlapping “Standards” has a unique sound and balanced.
All subjects, with the exception of the song that opens the album, “California Earthquakes”, were composed and written by Lloyd Cole . This issue was at the head of Cole already 15 years ago, it just did not know where the would fit. The musician believed the song would come out of the pen and Papa Mama and Papa John Philips, when, in fact, was written by John Hartford, successful author of “Gentle On My Mind.” When he went to Los Angeles to record with Fred Maher (drums) and Matthew Sweet (low), “California …” seemed to fit perfectly in all the other songs I was recording. Besides the battery, is notorious in this theme, the piano sound of Joan (As Police Woman) Wasser, who also gives voice to the chorus of some songs. The tone of the emotional boundaries of breach of this song, actually written by the way Californian earthquake of 1971 seems to be the guide for the rest of the work.
Once you arrive in “Woman’s Studies”, a song that was seeking some influence interview given by Miles Davies on The Tube TV Shows of Jools Holland, in which Davies just wanted to talk about his painting, a frameset with portrait his wife back, instead of discussing music. Lloyd Cole wanted to evoke memories of the past, a time that was younger, occasionally stupid, arrogant and foul-mouthed. A simple song that could result from a college work or the thoughts of a man who sits watching women.
And we continue with the past “Period Pieces”, the debut single, whose video shows us an older man ( Lloyd Cole ) to recall the time of youth (here represented by William Cole, the eldest son who also plays guitar in “Standards”). “I’m not afraid to die,” tells us the character of this song, lying on the ground, waiting for death. A song inspired by a picture that Lloyd Cole likes to remind: the fall of the Berlin Wall.
And so to the first two ballads: “Myrtle and Rose” and “The Truck”. At first, the guitars soften up and the battery goes into mood “quiet”. A man who weeps with longing, but it also tired of giving and hope. “The Truck”, a favorite of Lloyd Cole was already a frequent topic in the last concert of the musician, and the only song ready before starting work on “Standards”. It appears here that the only acoustic guitar album, which is dominated by electric guitars. And in good time, because the dialogue between the various strings is perfect.
And still the (apparent) bonanza with “Blue Like Mars” where the battery brand cadence sounds of guitars and synthesizer played by Lloyd Cole . The voices in support of Joan and percussionist Michael Wyzik that here also lends the sound of your instrument, turn out to be necessary to the comfort of this song contained anger.
And we return to rock with “Opposites Day” where the voice of Lloyd Cole is a little more adventure and the guitars do the rest. On this album, as well as voice and synthesizers, Cole is also responsible for one of the most vivid and timely guitars.
A gorgeous guitar opens “Silver Lake”, where Mr. Lloyd Cole back to calm and conquer us by words. “Put some make-up and dry your eyes / We’ll go to the race track and drink some wine / No, I do not love the way I Should / You But I can not leave like this.”
“It’s Late” is a song that is closer to the earlier work of Lloyd Cole . A more folk melody, sound more country guitar, accompanying a lonely man who wanders the streets of a city as night. Knows where the trouble, but also could fathom if he found the right person. Love is the eternal inspiration …
And Lloyd Cole wanders by modern times, a comparison between today’s kids and his time in “Kids Today” to move to the guitars of “Diminished Ex”, a theme which is again striking the bass, the guitars and battery. After all, what Lloyd Cole wanted: a sound recognizable.
Lloyd Cole has said that this could be his last work, produced and promoted in this way. Sit with energy to do more, but everything will depend on the success of “Standards”. The criticism ever considered that this is his best album since “Rattlesnakes” (1984), the first LP of Lloyd Cole and the commotions. The same energy, the same vitality, the same boldness who is 20 years old. That’s how Lloyd Cole feels, but fortunately, with the experience and wisdom of 50. And so we just have to win.
Alignment:
1-California Earthquakes
2-Women’s Studies
3-Period Pieces
4-Myrtle and Rose
5-In Truck
Blue Like 6-Marts
7-Day Opposites
8-Silver Lake
9-It’s Late
10-Kids Today
11 Diminished ex-
Stage Rating: 8.5 / 10
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Publication: PalcoPrincipal
Publication date: 26/06/13