Quando “Rattlesnakes” foi lançado, em 1984 (85, no Brasil), eu ainda era muito novo. Tanto que esse foi um dos primeiros discos que comprei – se não me engano, na Baratos Afins, em São Paulo – numa leva com o “Little Creatures”, do Talking Heads, e duas peças dos Smiths, o incomparável “Meat Is Murder” e o single em quarenta e oito rotações (numa época que as lojas brasileiras ainda vendiam singles e em quarenta e oito rotações) de “The Boy With The Thorn In His Side”. Desses, não fazia a menor ideia de quem seria Lloyd Cole e seus Commotions.

Eu e meu irmão compramos esses discos pra uma viagem que faríamos em família e queríamos ter algo pra ouvir. Ao final da viagem, apesar de “Meat Is Murder” no pacote, era o “Rattlesnakes” que havia se tornado o meu preferido. Eu não conhecia lhufas de história da música, não sabia contextualizar aquela obra, mas as canções me divertiam e me encantavam – e eu era só um pré-adolescente.

O tempo deixou a década de 1980 pra trás, os Commotions ficaram por lá, com apenas três discos no currículo, mas Lloyd Cole seguiu em frente. Já com o neo-punk do Nirvana e o shoegaze do My Bloody Valentine estourando os ouvidos adolescentes no início da nova década, Lloyd Cole parecia um senhor de idade, tentando impor sua notória elegância e estilo, totalmente deslocado entre tantas camisas de flanela e tênis sujos.

Mas ele seguiu em frente. Em 1990, lançou seu primeiro disco solo, auto-intitulado. Desde então, foram dez, o mais recente em 2013, “Standards”. Nunca parou. Ainda faz da música o seu norte, com a mesma classe de sempre, pose de intérprete, voz de galanteador. Ainda faz músicas pop bem elaboradas, infelizmente sem eco nas planilhas de vendas.

Pela sua obra e por ser um dos cara que iniciaram minha apreciação por música, é uma satisfação descobrir nessa lista quais foram os discos que fizeram a cabeça dele como pessoa, como artista. Eis aqui Os Discos da Vida do senhor Lloyd Cole.

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Publication: Floga-SE

Publication date: 18/03/15